Muitos brasileiros são educados para serem limitados ou para uma oportunidade de emprego. É isso mesmo! Há uma cultura do fracasso que permeia nossa sociedade na qual não se é permitido chegar a níveis mais elevados na carreira profissional.

O símbolo disso é a figura do patrão, que foi moldado como instituto obrigatório e superior no imaginário popular, mas ele é apenas a ponta do iceberg.

ADVERTÊNCIA: Este artigo não pretende fazer uma crítica pura e simples à hierarquia profissional, mas tão somente demonstrar que o conceito de subserviência tem um aspecto psicológico, plantado nos corações de muitos desde a tenra infância para que grande parte das pessoas, ainda presas ao senso comum, tenham em si o espírito do conformismo e a “necessidade” de obedecer a certos parâmetros. Entenda nem sempre será uma boa escolha ter uma oportunidade de emprego.

Uma oportunidade de emprego para trabalhar para que ou para quem?

É difícil uma criança ouvir a palavra empreendedorismo. E não é porque esta palavra polissílaba trava a língua. Desde a infância entende-se que é preciso estudar, se formar e trabalhar. Essa tríade representa o comportamento quase mecânico das relações profissionais, afinal qual o motivo de tanto esforço? Simplesmente educar-se para depositar todo conhecimento adquirido a fim de alimentar a riqueza de uma pessoa ou empresa. E imagine que essa pessoa ou empresa não teve nenhuma participação para que você alcançasse tal patamar de conhecimento, isto é, ela já tem o pacote completo sem investir um mísero tostão.

Isso é extremamente prejudicial a uma nação, pois desse modo não se formam pessoas capazes de enxergar além do óbvio. E o agravante é que isso é transmitido e retransmitido como status de verdade absoluta, daí se cria uma grande redoma da qual não se pode escapar, como se houvesse uma placa invisível que diz: “não ultrapasse”. E muitos não ultrapassam e incitam outros a fazerem o mesmo, perpetuando-se a cultura da inferiorização.

Então, pergunta-se: trabalhar para quê ou para quem? Quando, em algum momento, alguém se faz essa pergunta, é preciso rever conceitos e verificar se se tem a função de um homem ou um autômato, semelhante ao personagem de Chaplin, em os Tempos Modernos.

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Busca frenética pelo salário fixo

Trabalhar por produtividade não está na lista de desejos da maioria, isso pode levar tempo e gerar um desgaste incalculável. Assim, busca-se uma oportunidade de se ter um salário padrão que será recebido mensalmente, faça chuva ou faça sol, na conta, ou em dinheiro vivo ou em cheque nominal, o que representa a certeza de pagar as contas no fim do mês e quem sabe, sobrar um dinheirinho para alguns prazeres.

E, é claro, a atitude remete à existência do patrão, o ser capaz de suprir essa necessidade. Ele se torna a grosso modo uma criatura benevolente, já que lhe é creditado a dádiva do emprego. E o arranjo é de tal forma elaborado que, muitas vezes, não há uma relação de interdependência, mas sim a dependência por parte de quem recebe o salário, o que acarreta no empregado a vontade de defender com unhas e dentes seu contra-cheque, entregando 10, 12, 14 horas do seu dia para a manutenção de seu emprego.

Ter um próprio negócio torna-se praticamente um “empecilho” para quem busca um trabalho que não se vincule exclusivamente à produtividade, visto que boa parte deseja tão somente bater o ponto e manter uma função limitada em seu emprego. Voltamos à Chaplin.

A pseudossegurança da carteira assinada

Eu moro em uma região com muitas usinas de açúcar e álcool e o sonho de consumo de muitos jovens é poder assinar a carteira de trabalho em uma dessas usinas na intenção de ter alguns “benefícios” como emprego, salário em dia, INSS, FGTS.  Reconhecidamente, elas não pagam bons salários e ficam afastadas da cidade, o que pode levar de 2 a 3 horas no trajeto de ida e volta, ainda sim, a falsa ilusão de estabilidade provocada pela assinatura da carteira de trabalho faz com que um contingente de trabalhadores se engalfinhem nas trincheiras de recrutamento safra após safra.

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Tão incrustada está a necessidade de se encaixar na relação tradicional de trabalho que há o argumento de contribuição à previdência social, quando é perfeitamente possível ser contribuinte sem necessariamente trabalhar com carteira assinada. Mas o “encanto” de ver a página preenchida vale mais.

O fato é que não há segurança alguma, a qualquer momento o trabalhador pode ser demitido sem justa causa. No entanto, existem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (correspondente a uma alíquota de 8% sobre a remuneração mensal) e o famigerado Seguro-Desemprego que servem como ajuda temporária ao trabalhador nas demissões imotivadas e também como estímulo ao não desenvolvimento pessoal e profissional e à improdutividade.

Investir para que, se eu trabalho “de graça”?

Há quem enxergue vantagens em não ter um negócio próprio e argumente sobre o investimento que isso pode exigir. Convidei, certa vez, um conhecido para um programa de marketing multinível e ele disse que não podia se cadastrar porque, embora achasse o plano de negócios muito bom, tinha que investir uma certa quantia e se ele trabalhasse numa empresa não precisaria gastar nada do bolso.

Ele tem 30 anos de idade, são 30 anos de tradição retrógrada sendo cimentada em sua cabeça. Imagine quão sólida está esta construção.

Ter um negócio próprio requer desprendimento, não existe possibilidade alguma de tê-lo sem investir nada e às vezes é preciso estabelecer prioridades e agir com mais ousadia, caso contrário seu mundo será cada vez mais limitado até o momento em que ele esmagará você sem compaixão.

Despedindo seu patrão

Para alguns sempre será melhor uma oportunidade de emprego e evidentemente, a palavra “patrão” não significa no contexto deste artigo uma pessoa engravatada e com charuto típica da caricatura anticapitalista, mas despedir o patrão representa uma quebra de paradigmas, uma tomada de decisão rumo a um futuro mais promissor que não dependa exclusivamente dos ânimos de uma pessoa ou de uma organização. Salvo exceções, toda mudança brusca acarreta situações desagradáveis, então é necessário que seja lenta e gradual. Eis alguns passos para seguir:

  • Organize-se: seja disciplinado nos objetivos que você quer alcançar e delimite seu tempo.
  • Invista: se você não pensar de maneira profissional e entender que todo negócio exige investimento então é melhor continuar dependendo de seu patrão e, como diria Chico Buarque, “terminar moribundo… no fim da fila do fundo da previdência.”
  • Pense a longo prazo: o imediatismo também é uma característica nociva de muitos brasileiros, não se deixe contaminar e trace planos que se sustentem ao longo do tempo.
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Ok, então se eu não procurar uma boa oportunidade de emprego o que eu faço? Isso depende muito de cada situação e habilidades que a pessoa tenha. Se profissionalize e faça cursos. Uma boa oportunidade é o marketing multinível.

Conclusão

Admito que “despedir o patrão” não é tarefa fácil, vai demandar muita força de vontade e capacidade de produção suficiente que possa gerar algo sustentável. Como foi dito, não é uma ação imediata, a ser realizada num rompante, é preciso elaborar estratégias para que se possa migrar do status de empregado para senhor do seu próprio negócio e isso pode levar um tempo, que só vai chegar se você estiver realmente decidido. Nem sempre uma oportunidade de emprego será a melhor decisão para alguns, porém e claro que ainda precisamos sim de empregador e funcionários.

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